sábado, 16 de outubro de 2010

:::Dona Fia cadê você, cadê você?:::

Quando ouvi a notícia da morte de Dona Fia do Salgueiro não senti nada.

Fiquei ali pensando nela, tentando imaginar como era ela.

Não a conheci pessoalmente. Nenhuma dor, portanto, física... emocional.

Fundou sua escola, pôde vê-la famosa, respeitada, revolucionária. Vencedora.


Viu seus filhos no apogeu de suas carreiras. Reconhecidos, respeitados. Dois deles com a função maior,mais delicada, mais honorável, mais reconhecida.


Seu marido um príncipe do morro. Compositor renomado, vitorioso. Um outro filho escapando dos limites do morro contagiando o Brasil com sua arte e de seus companheiros musicais.


Ela costureira, rainha... fundadora.


Cada um em sua glória em um tempo em que se glorificava cada gesto deles, suas presenças.


O que é um diretor de bateria hoje tantas vezes contrariado impondo a sua escola uma cadência que não é sua? Que não é sua nem dela.


O que é um compositor hoje em meio a disputas tão massacrantes, alienantes, levados a compor sambas, muitas vezes, que nem eles próprios são capazes de aplaudir.


O que é ser costureira, fundadora, entidade de uma instituição que foi arrastada pelos tempos.


Quantas Dona Fia ainda existirão por aí? Quantas existirão amanhã? Onde poderão florescer, se valer? Quem olhará para elas e poderá encontrá-las, identificá-las?


Como saberemos delas?


Como serão as escolas de samba sem nenhuma Dona Fia? Sem nenhum Iracy Serra?


Como serão as escolas sem que se orgulhem de seus filhos saídos de suas entranhas, soberanos de seus sambas e de suas próprias baterias?


Quando ouvi a notícia da morte de Dona Fia do Salgueiro não senti a dor física, emocional.


Como sentir algo negativo diante de uma vida tão plena, repleta em 90 anos?


A dor veio racional, fria; uma dor futura.

Não a dor que se volta para o passado, de lembranças, de saudades; dor de uma coisa que a gente sabe que perdeu.

Uma dor pior, sem lembranças e sem saudades. Dor de uma coisa que a gente sabe que vai um dia vai perder.

Você que está lendo esse post pode se perguntar....
Quem foi Dona Fia?
Quem são os filhos dela?

Bem vamos as respostas...
Dona fia foi uma grande costureira e junto com o seu marido Iracy Serra e entre outros remanescentes da união de duas escolas de samba do Morro do Salgueiro: Azul e Branco e Depois eu Digo. Quanto a seus filhos um é ninguém menos em minha opinião um dos grandes mestres de bateria de todos os tempos MESTRE LOURO e o outro se eu for comentar tudo o que ele fez em prol do samba terei que escrever no mínimo uns 20 posts para traçar sua bela carreira o grande mestre Almir Guineto. 

Daí se deu essa e entre outras composições como esssa abaixo:

Dona Fia, cadê Ioiô, cadê Ioiô?
Cadê Ioiô, Dona Fia, cadê Ioiô?
Cadê, cadê, cadê Ioiô?
Cadê, cadê, cadê Ioiô?

Ioiô é um moleque maneiro
Vem lá do Salgueiro e tem seu valor
Toca cavaco, pandeiro
E no partido-alto é bom versador

Quem sabe do seu paradeiro
É o pandeiro, cavaco, tantã
Quando ele encontra a rapaziada
Só chega em casa de manhã

Dona Fia, cadê Ioiô, cadê Ioiô?...

Quero encontrar esse bamba
Que em termos de samba, é sensacional
Para alegrar o pagode
Que estou preparando lá no meu quintal

E foi no samba pra gente
Que vi um valente versar pra Ioiô
Mas ele estava indecente
Deixando o malandro de pomba-rolô

Dona Fia, cadê Ioiô, cadê Ioiô?...

Como Brasileiro tem memória curta...faço aqui a minha parte para reaviva-la.

Axé até o próximo post...

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